Como pesquisador de ameaças na Trend Micro, normalmente escrevo sobre ataques de vírus, malwares e investidas do crime cibernético em geral na insistente empreitada de fazer dinheiro fácil através de vítimas pela Internet. No entanto, ao observar uma atmosfera sombria que rondava sobre alguns jogos e comportamentos de alguns adolescentes próximos a mim, decidi pesquisar este universo dos games e da aparente depressão na adolescência. Haveria relação entre eles? Descobri que sim.
Junto a outros dois pesquisadores, me propus a entender como funcionavam o que chamei de “desafios suicidas” como o “Baleia Azul”. Para minha surpresa, descobri que ideias centrais por trás das razões pelas quais vítimas participam de desafios como estes também estão presentes em comunidades de jogos aparentemente inofensivos e grupos de discussão em redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas como o WhatsApp.
Encontramos referências de desafios suicidas e jogos questionáveis em diversos países. Sendo um dos pesquisadores fluente em russo (onde provavelmente o “Baleia Azul” surgiu), pudemos reunir muitas informações sobre a incidência destes temas também em países da Europa, inclusive com conexão com o Brasil. Tudo isso foi compilado neste estudo inédito, que conecta o universo das comunidades de gamers com desafios realmente perigosos, oferecendo sérios riscos à integridade física das crianças e adolescentes envolvidos. O estudo também disseca o modus operandi dos desafios e dos jogos e traz um alerta aos pais brasileiros: há perigos psicológicos inimagináveis na Internet e é muito importante que vocês saibam disso ao observarem o comportamento de seus filhos.
