As criptomoedas estão modificando a forma como as transações financeiras no mundo virtual são feitas. Hoje encontramos no mercado cerca de 100 novas criptomoedas que são usadas como um dos meios para a realização de transações digitais. Citamos como a mais famosa, o bitcoin. Porém, há também outras, como o Litecoin, o Peercoin, Primecoin e etc.
Mas o que são essas novas moedas que ninguém vê, mas servem como instrumento de troca e negociação na web?
Na verdade, elas funcionam da mesma forma que uma nota de dinheiro físico, em papel, tal como conhecemos. Porém, por serem virtuais, elas não possuem aspectos, cor ou textura.
Notadamente, seu uso está em pleno crescimento no mercado. Dependendo do país onde o indivíduo estiver, ele consegue sacar o dinheiro em forma física nos caixas ATM e na moeda local. Isso já é possível em alguns lugares do Brasil, além disso já existem construtoras que aceitam bitcoins como parte do pagamento de apartamentos hoje em dia.
Por isso, a criação dessas criptomoedas tem a intenção de revolucionar a forma como as pessoas fazem as transações financeiras. É uma maneira de criar facilidades para câmbio de dinheiro e construir um investimento, pois esses ativos possuem também uma bolsa de valores.
Entretanto, o que atualmente gera uma grande discussão sobre o uso das criptomoedas é que além de poder afetar a economia das instituições financeiras, também colabora para problemas nas práticas de compliance como as de “know your customer” – em que não é possível conhecer o seu consumidor e nem rastrear as informações de dinheiro como em uma conta corrente, por exemplo. Em outras palavras, as criptomoedas permitem o anonimato.
Não é dizer que isso seja algo ruim, o problema é isto estar sendo usado para ajudar ações ilícitas que dificultam ainda mais as polícias e os centros de investigações por meios digitais.
Para entender um pouco mais, no último semestre de 2016 duas novas criptomoedas foram criadas, a Zcash e a Monero. Ambas apostam em sistemas de transação anônimos e mais difíceis de rastrear do que o Bitcoin. A Zcash é feita para investidores que querem ficar às escuras e a Monero foi criada para transações ilegais.
As criptomoedas e o cybercrime
A grande discussão e preocupação atualmente em torno dessas moedas é a facilidade com que o cybercrime organizado tem agido.
Além da força que essas criptografias anônimas possuem para burlar, por exemplo, a receita federal e IOFs bancária e, assim, criar um grande hub de corrupção, há também a possibilidade dos cibercriminosos se aproveitam desse “escambo” em dinheiro digital para comprar e negociar produtos, efetuando atividades ilícitas na Dark Web.
O cenário avaliado por um hacker mostra que todas as transações podem ocorrer pela web, sem que sejam descobertos, para aquisição de milhares de redes de computadores zumbis – equipamentos muitas vezes de pessoas comuns, que estão sem proteção de antivírus e ficam à mercê dos invasores.
Para realizar investidas centralizados e derrubar sistemas de empresas e governo, o famoso ataque de DDoS (Distributed Denial-of-Service attack) é uma das mais famosas práticas. Mas existem outras, como a compra de armas, drogas, entre outras ações ilícitas. Outra que se tornou muito conhecida foi o ransomware, que é o sequestro das informações digitais sensíveis das vítimas acompanhados de pedidos de resgate.
No segundo semestre de 2015, a prefeitura de uma pequena cidade no interior de São Paulo sofreu um ataque no qual o cibercriminoso solicitava um pagamento de US$3 mil para liberar os dados dos funcionários e munícipes. O sistema ficou fora do ar durante muitas horas e isso comprometeu a situação da cidade, o acesso à folha de pagamento de servidores, sem contar a questão da reputação. Isso, obviamente, também disse muito sobre as plataformas que o município estava utilizando para se proteger contra vulnerabilidades e possíveis ataques.
Ao final, o pagamento não foi feito e o sistema foi reativado por técnicos, mas se caso tivesse ocorrido, muito provavelmente seria por meio de criptomoedas. De novo entramos na falta de rastreamento e como isso prejudica a localização dos cibercriminosos. A partir do momento que um hacker invade o sistema de um indivíduo ou companhia e solicita dinheiro pelos dados que ele roubou, a criptomoeda pode sim ser uma forma de resgate e isso complica na identificação do atacante.
O mercado ainda está tentando lidar de forma positiva com esse novo modelo de moeda. Pelo lado da facilidade de transações, ela é bastante positiva. Porém, no que tange a segurança das informações, tanto pelo lado do indivíduo quanto das organizações, é preciso blindar-se contra esses ataques com softwares de qualidade, que possuam um gerenciamento 24x7x365 para que essas invasões não ocorram.
A discussão sobre as criptomoedas ainda será longa, pois é um mercado crescente e que de alguma forma está gerando bons frutos, economicamente falando. Por isso, mais do que tentar rastrear os culpados, o que prova ser muito complexo, é necessário que as organizações tomem consciência do iminente perigo e criem um plano de contingência de segurança da informação baseado na proteção de seus negócios.